LENDA DO GALO

  

Ao cruzeiro seiscentista que faz parte do espólio do Museu Arqueológico da cidade, anda associada a curiosa lenda do galo. Segundo ela, os habitantes do burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, por não se ter descoberto o criminoso que o cometera.

Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém o acreditou. Ninguém julgava crível que o galego se dirigisse a S. Tiago de Compostela em cumprimento duma promessa; que fosse fervoroso devoto do santo que em Compostela se venerava, assim como de São Paulo e de Nossa Senhora. Por isso, foi condenado à forca. 
Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou:
 - É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem. 
Risos e comentários não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo. O que parecia impossível, tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz corre à forca e com espanto vê o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento. Imediatamente solto, foi mandado em paz. 
Passados anos, voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor à Virgem e a São Tiago.

 

FESTA DAS CRUZES 

 

   A tradicional Festa das Cruzes de Barcelos começa hoje apresentando como novidades um cortejo histórico sobre os 500 anos do Milagre das Cruzes e uma exposição de arcos de romaria.

O programa da primeira grande romaria do Minho tem como ponto alto a procissão da Invenção da Santa Cruz, na tarde de 3 de Maio (feriado municipal), em que o percurso até à oitocentista Igreja do Senhor da Cruz estará coberto de pétalas de flores naturais. . Durante os sete dias da festa haverá ainda a exibição de grupos folclóricos e de trajes do Minho e espectáculos de música, bem como actividades menos tradicionais como uma mostra de stand-up comedi ou um encontro de motards. A gastronomia também estará presente, com destaque para a doçaria regional. Os arcos de romaria - uma tradição que já não se realizava há muitos anos .. A Câmara Municipal convidou as 89 freguesias do concelho a participar, mas os 500 euros que se dispõe a comparticipar, por arco, parecem ser insuficientes para mobilizar as autarquias. Os arcos serão retirados no final dos festejos. A Festa das Cruzes está orçada em 360 mil euros, o que representa um acréscimo de cerca de 80 mil euros relativamente a 2003. A comparticipação da Câmara Municipal ascende a 195 mil euros, mais 40 mil euros que no ano passado. Festa centenária A Festa das Cruzes remonta ao séc. XVI, mais concretamente ao ano de 1504. Começaram por ser promovidas pela Real Irmandade do Senhor Bom Jesus da Cruz. Mais tarde, passaram a ser responsabilidade da Câmara Municipal de Barcelos e esta, delegou, durante alguns anos, a sua organização à Associação Comercial de Barcelos. Actualmente são organizadas pela Câmara Municipal e pela Real Irmandade do Senhor Bom Jesus da Cruz. O título honorífico de "Real" ter-lhe-á sido outorgado no início do século XIX por D. Pedro IV, que aceitou ser seu juiz perpétuo. Também foi juiz vitalício da Real Irmandade do Senhor Bom Jesus da Cruz, para além doutros, D. Fernando II, D Pedro V e D. Luís I, que terá visitado as Festas das Cruzes em 7 de Maio de 1852. O período das festividades, no início do século transacto, era de três dias. Porém nas décadas de 60 e 70 aumentaram significativamente, até nove dias, passando desde aí a diminuir novamente. A sua duração agora é de sete dias. Até ao século XIX as festas tinham um cariz essencialmente religioso; onde ocorriam centenas de romeiros não só da região de Barcelos mas de todo o país e da vizinha Galiza. No Século XX, à essência religiosa foram-se adicionando elementos de características profanas, bem visíveis no aspecto lúdico: carroceis, barracas de diversão, corridas de Cavalos, espectáculos de circo, fogo de artifício, cortejos etnográficos, torneios e concursos, entre muitos outros acontecimentos de natureza Popular. Vinham a pé, descalços, em romaria, cantando e dançando, com a "condessa" à cabeça onde transportavam o farnel. Esta era a ocasião,